Tiro o meu chapéu às mães 24h sobre 24h… é duro. muito duro.
É duro lidar com a infatigável necessidade de atenção, de inovação, de actividades, de ideias e energia.
Tiro o meu chapéu… sou uma fraquinha ao lado delas. Tenho ajuda, tenho apoio, tenho rede. Não sou má mãe, mas não sou mãe de livros de histórias. Não sou a mãe perfeita, nem pretendo ser. Sou a mãe possível, sou a mãe que sou. Hei-de passar-lhe a estrutura, o carácter. Hei-de passar-lhe as bases boas. Nessas também estão as frustações, as incompreensões, as injustiças do momento, o cansaço que por vezes teima em vencer.
O cansaço, como o sono, pode ser combatido, mas raramente o vencemos.
Ter a esperança, no fundo da caixa, que isso o ajude a construir-se como uma pessoa forte, estruturada e feliz. Uma pessoa que saiba lidar com as injustiças, as frustações, os nãos, com a certeza que eu, se puder, estarei cá para lhe dar quer a reprimenda como o colo.
Aprendi a olhar assim, sem o saber, através da minha mãe. Uma mulher forte, maior que a vida, que enche um espaço por vezes ocupando todo o espaço que há. Não fui fácil, sei que não fui, mas aprendi muito sem o saber. Aprendi a amar dando espaço, aprendi a amar incondicionalmente, aprendi a amar mesmo quando parece que o amor é um sonho que como todos os sonhos, por vezes se esfuma e esvai por entre os dedos, sem o conseguirmos agarrar, mesmo que nos tentemos prender com a última réstia de energia que existe em nós.
Tenho um filho do corpo e tenho um filho do coração. Um mais perto o outro mais distante. Ambos importantes. Ambos presenças na minha vida e alma, cheios de afectos das pessoas que os rodeiam.
Gosto de os ver crescer, tornarem-se pessoas, tornarem-se grandes, continuando sempre a ser pequeninos e ao mesmo tempo enormes dentro de mim.
*deambulações lamechas